quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Dilma X Aécio




- Mamãe, a Dilma ganhou pra presidente?
- Sim filho, ganhou.
- Mas ela não é do mal?
- Não filho, ela não é do mal!
- Então o Aécio é do mal?
- Não filho, ele não é do mal!
- Então a Dilma é do bem?
- Não exatamente...
- Mas o Aécio é do bem?
- É... não propriamente do bem!
- Mas então por que o papai e você votaram nele?
- Ora... porque achamos que a alternância de poder contribui para a manutenção e aperfeiçoamento do processo democrático...
- Mamãe.... não  tô entendendo nada....

- .....tudo bem filho.... não é só você...


Imagem: http://painel.blogfolha.uol.com.br/2014/10/16/campanha-de-dilma-festeja-o-aumento-da-rejeicao-a-aecio-que-chegou-a-38/

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Oi tudo bem? Eu tenho 40!




Percebi que fazemos um estardalhaço às vésperas do aniversário de 30 anos. Balzac dedicou uma obra inteira a ela: a mulher de 30. Nada falou sobre a mulher de 40.

Desculpe-me Balzac, mas trinta anos não são nada. Há ainda os 40!

Parecia-me que esse dia jamais chegaria. Sentia-o como aquelas coisas que quanto mais se avizinham mais nos parecem improváveis, mas ainda assim embaladas pelo nada melodioso som da inevitabilidade.

Decretei que jamais faria 40. Mas num piscar de olhos acordei no dia seguinte, olhei para meu marido e disse-lhe: “Oi, tudo bem? Eu tenho 40”.E cá estou eu. Uma mulher com seus 40 anos que incumbiu a si mesma um balanço sobre sua vida, sobre essa nova idade.

Não há como olhar para trás sem observar o caminho que percorremos. É justamente o que faço agora. 40 anos de vida, 40 anos de amizades, frustrações, aprendizados, amores, tristezas e alegrias.

Se a primeira angustia existiu, e confesso que ela me visitou sem ser convidada, já se dissipou e cedeu seu lugar à verdadeira satisfação de ter colecionado tantos momentos incríveis como também a uma insaciável vontade de continuar vivenciando tantos outros, sejam eles simples ou não, mas todos eles e cada um deles verdadeiramente únicos.

Alguns marcos de idade são realmente enigmáticos. Talvez o sejam porque são datas que comumente escolhemos (ou que permitimos que escolham por nós) para nos avaliar. E essa avaliação me faz perceber que inexiste um “peso” na idade que carregamos, mas há sim um vazio que aos poucos é  preenchido pelas inúmeras coleções de nossas experiência e sentimentos.

Obrigada vida por me permitir tanto e rogo para que possa ainda me esbaldar de ti.

Se, como disse, 30 anos não são nada, quarenta igualmente não são. Há ainda os 50, os 60, os 70, os 80 e todos aqueles que a vida nos reservar. Cada década, cada ano, cada momento com sua singularidade, importância e plenitude.


Bora viver! #partiupravida


quinta-feira, 17 de abril de 2014

A Páscoa e o Ovo


De vez em sempre me pego na mesma auto indagação. Será que estamos providenciando a educação de nossos filhos com os corretos valores. Tenho tentado sempre ensinar-lhes o que meus pais há tanto já me ensinaram, assim como os pais deles em épocas mais remotas. Quando me aquieto com uma resposta positiva, pois sempre tento lhes passar o que é correto, me pego naquela segunda indagação. Quais são os valores realmente corretos? Se é difícil eleger ou apontar os corretos valores a serem vividos, talvez o inverso seja uma tarefa menos árdua. O errado, indiscutivelmente não é o certo.

Munida desse espirito educativo vi-me sentada à mesa com meu filho mais novo, hoje com 4 anos, e a nossa frente a tarefa de casa sobre a Páscoa.

A tarefa, destinada também aos pais, envolvia uma conversa acerca do significado da Páscoa para depois a criança desenvolver um desenho que retratasse os ensinamentos recém adquiridos. Então começamos. Páscoa: ovo, coelho, chocolate... Todo ano a mesma coisa. E  sempre me vejo diante da incerteza do significado de cada um desses símbolos e da influência mercadológica e consumista que paira sobre eles. Esses não parecem refletir os corretos valores a serem abordados. E a Páscoa, então? Com abordá-la? Sobrou-me a ressurreição de Cristo ou êxodo do povo hebreu do Egito.

Escolhi a primeira estória. Deixei de lado o coelho, o ovo e o chocolate pelas razões já apontadas e comecei: Era uma vez um homem muito bonzinho que só praticava o bem e ajudava as pessoas. Seu nome era Jesus. Mas havia algumas pessoas muito más que fizeram maldade a ele e acabaram pregando Jesus em uma cruz. Jesus morreu crucificado e depois foi enterrado em uma tumba ..... A essa altura, considerando que minha estória tinha um pouco mais de floreio, já dava para observar os olhos assustados e talvez até indignados de meu filho: mas ele morreu, mamãe. Sim, Pedro, ele morreu... Continuei: depois que Jesus foi enterrado ele ressuscitou... Ele o que mamãe? Ele ressuscitou Pedro, ele viveu novamente ( assegurei-me em deixar muito claro que somente Jesus e personagens de vídeo game têm esse poder) e em seguida Jesus foi para o céu se encontrar com Deus. Finda a estória, conclui vitoriosa: e na Páscoa nós comemoramos a ressurreição de Cristo, o dia em que ele viveu novamente e foi para o céu.

Certa do dever cumprido, de ter bravamente resistido ao achocolatado sabor desta data, prosseguimos à segunda etapa da tarefa escolar. Observei o desenho que meu filho atentamente construía e que deveria retratar nossa conversa. A julgar pelo seu interesse amplamente manifesto pelo desenrolar da estória, certamente o desenho resultaria em uma cruz, ou uma garatuja que ele apontaria como sendo Jesus. Curiosa, esperei pacientemente os rabiscos se encontrarem em figuras que, embora desconexas para mim, para ele faziam todo o sentido. Acabei! Proclamou o garoto. Deitei meus olhos sobre a folha branca e vi algo parecido com uma ameba marrom e próxima a ela outras amebas menores azuis e verdes. Havia ainda alguns outros rabiscos assemelhados a ampliações de seres microscópicos que circundavam o desenho. O que meu filho teria desenhado? A tumba? A cruz? Os homens maus? Desisti de interpretar o abstratismo que jazia sobre a mesa e disse-lhe: Que lindo Pedro! O que você desenhou? Ele, orgulhoso do desenho, mostrou-me os valores aprendidos e com um enorme sorriso nos lábios decretou: é o brinquedo que vem dentro do ovo mamãe!


Hoje eu perdi. 
(ilustração extraída de 
"http://falaremverdade.blogspot.com.br/2011/04/
e-por-falar-em-verdade-coelhinho-da.html")