Perguntou-lhe:
- Quem é você?
A resposta automática e instantânea:
- Sou mulher.
A pergunta insiste:
- Que mulher é você?
Menos automaticamente, mas ainda de forma instantânea,
responde:
- Sou mãe, esposa, companheira, filha, irmã, amiga,
inimiga, operária, provedora, confidente.
Faz-se um silêncio sepulcral, fita-a nos olhos por longos
segundos e novamente indaga:
- Mas... quem é você ?
Naquele instante, tão breve e eterno, compreendeu que se
afogava em um mar de incertezas. Sequer dúvidas havia, pois nesse emaranhado de
indefinições eram inexistentes as condições de pontuá-las.
Compreendeu, contudo, a inteireza e profundidade da
pergunta e, na total ausência de respostas, lançou-se de corpo em busca de sua
alma.
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