segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Banho de mar

A brisa morna embalava brandamente a infinita piscina esverdeada. O sopro vespertino criava uma constante ondulação que assumia a forma de delicadas rendas brancas, suavemente coloridas pelo dourado ocre do sol já poente. Insistiam sempre em se desmantelar quando em choque com seu corpo quase nu, desequilibrando-a de tal forma que para se manter em pé lançava-se constantemente contra elas em uma simbiose única.

No horizonte mínimas luzes coloridas demarcavam a proa e a popa de grandes embarcações cada vez mais longínquas em busca do incógnito, enquanto a Lua se revelava na exata medida em que o colorido do céu cedia para um tom azulado, progressivamente mais uniforme. Algumas estrelas já rompiam com seu brilho o tecido cada vez mais escuro que começava a cobrir a noite.

A temperatura agradável da água convidava para um mergulho e a certeza de que com ele o mar levaria o peso e a angústia tornaram esse mergulho uma realidade que se repetia a cada onda que se aproximava, engolindo seu corpo inteiro como que impossível distinguir se o mar a consumia ou se ela a ele se lançava.

Mas o mar não levou nem o peso nem a angústia, que insistiram em permanecer sobre os ombros e dentro do peito. Deixou a praia.


Talvez amanhã....

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