A
brisa morna embalava brandamente a infinita piscina esverdeada. O sopro
vespertino criava uma constante ondulação que assumia a forma de delicadas
rendas brancas, suavemente coloridas pelo dourado ocre do sol já poente.
Insistiam sempre em se desmantelar quando em choque com seu corpo quase nu, desequilibrando-a de tal forma que para se manter em pé lançava-se constantemente contra elas em
uma simbiose única.
No
horizonte mínimas luzes coloridas demarcavam a proa e a popa de grandes embarcações
cada vez mais longínquas em busca do incógnito, enquanto a Lua se revelava na
exata medida em que o colorido do céu cedia para um tom azulado,
progressivamente mais uniforme. Algumas estrelas já rompiam com seu brilho o
tecido cada vez mais escuro que começava a cobrir a noite.
A
temperatura agradável da água convidava para um mergulho e a certeza de que com
ele o mar levaria o peso e a angústia tornaram esse mergulho uma realidade que
se repetia a cada onda que se aproximava, engolindo seu corpo inteiro como que impossível
distinguir se o mar a consumia ou se ela a ele se lançava.
Mas
o mar não levou nem o peso nem a angústia, que insistiram em permanecer sobre
os ombros e dentro do peito. Deixou a praia.
Talvez
amanhã....
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