Meus filhos Francisco (4 anos) e
Pedro (2 anos, mas pensa que tem 4) juntamente com meu sobrinho Felipe (4 anos)
corriam pela casa inteira numa brincadeira cujo resultado mais que previsível
seria briga e choradeira.
Lá pelas tantas Felipe bate no Pedro (ao que
consta teria sido “sem querer querendo”). Ato contínuo, Pedro, alcunha Pedroca,
indignado sai em disparada ao encalço de Felipe, que, muito mais veloz do que
Francisco, o ultrapassa. Pedro, mais lento que o primo Felipe e munido de seu
instinto vingativo – peculiar dos pequeninos – ao invés de perseguir o alvo
legítimo de sua fúria, se contenta em estapear o irmão Francisco, mais próximo
e até então inocente.
Francisco, sem entender ao certo
o que se passou, olha a satisfação no olhar beligerante do irmão, ergue a mão
para agora, em exercício arbitrário das próprias razões, estapear Pedroca.
Ocorre que no ato do estapeamento
Felipe passa ao lado com um sorriso maroto de quem foge de uma surra e a mão de
Francisco, ao que parece equivocadamente, vai parar no primo e não no irmão.
Felipe começa a chorar, Francisco
já estava chorando e Pedro, o menos inocente, mas o mais solidário, resolve
acompanhar os dois numa inesquecível e orquestrada execução de choro!!!
Diante do quadro que se apresentava, olho para
a plateia que se divertia, composta basicamente pelos pai e avós, respiro fundo
e pergunto à quase quadrilha o que havia acontecido. Felipe, engolindo seco,
diz:
- O Francisco me bateu!
Pergunto se ele bateu em alguém primeiro. Ele
mais do que rapidamente dispara:
- Bati, mas só um pouquinho no
Pedro.
Pergunto a Pedro o que aconteceu.
Impedindo pela restrição da idade em se manifestar com a mesma destreza que
norteia sua ação, se limita a arregalar os olhos e a apertar os lábios fazendo
uma cara que remonta o gato de botas em Shrek. Desisto dele e redireciono a
pergunta derradeira para o terceiro elemento, Francisco:
-O que aconteceu?
Ele hesita, mas com resignação e ressalvando
responde:
- EU BATI NO FELIPE, MAS É QUE EU ERREI DE
PESSOA!
Delito putativo por erro de tipo, caro Francisco.
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